sexta-feira, 30 de agosto de 2019

ENTREVISTAS PEREGRINAS - EVARISTO RAMOS

Nesta postagem trazemos uma entrevista com Evaristo Ramos, o desenhista de A Balada do Calibre 38 e da vindoura nova série de história em quadrinhos do Peregrinos Ficções, As sombras sobre Dois Rios (novidades em breve). O objetivo aqui é apresentar nossa equipe, "quem somos nós na fila do pão", o que já fizemos, o que estamos fazendo e dar vislumbres do que queremos fazer.

Então, sem mais enrolação, segue o baile!

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PF: quem é você?

EDR: me chamo Evaristo Ramos, sou um paraense de 28 anos que desenha desde que se entende por gente e mora numa cidadezinha escondida no interior.

PF: conte-nos como você conheceu o mundo das histórias em quadrinhos.

EDR: Foi com O Fantasma.

Eu não tenho certeza, mas na época a gente morava no Maranhão e a mamãe sempre gostou de ler quadrinhos e aqueles romances de banca, então tenho essa lembrança dela folheando as páginas do Fantasma e lendo os balões para mim. Depois eu vi Tex, mas esse eu apenas via os desenhos mesmo, já que não sabia ler. E dai veio Turma da Mônica. Conheci os quadrinhos assim, mas até então era só leitura mesmo, sabe?

A paixão veio depois, a gente já estava morando no Pará de novo, numa invasão, daí numa bela manhã eu achei uma edição do Homem-Aranha jogada no matagal na beira da rua, peguei e levei para casa e foi o primeiro quadrinho de super-herói que li e ai eu me apaixonei de verdade por quadrinhos. Até hoje eu queria achar essa revista de novo, mas não lembro o número.

Mas meu herói favorito é o Superman.


PF: quando e como você começou a desenhar?

EDR: bom, desenhar, desenhar, eu sempre desenhei, como toda criança, mas o fogo acendeu mesmo depois que vi Akira, mas especificamente a cena em que o Tetsuo tá botando as tripas para fora naquela cena em que ele tá alucinando, lembra?

Rapaz, lembro benzinho disso... Era festa de aniversário da invasão (que na ocasião já não era mais invasão) e o papai era um dos convidados porque ele doou o bolo pro pessoal, então ele levou a gente e eu fiquei num espaço próprio para as crianças, ficava bem atrás do local onde o DJ tava controlando o som. Lá tinha uma telinha e tava passando Akira, vi tudo de lá, para mim foi mágico, na hora eu esqueci que queria ser médico e queria fazer desenhos igual aqueles que tavam ali na telinha.

Depois eu conheci os mangás e aqueles quadros dinâmicos e aquela leitura rápida me deixou doido, de uma forma ou outra eu queria fazer aquilo.

Daí em diante eu não parei mais, ficava rabiscando, copiando e copiando, até que achei um encarte de um curso de mangá e ai comecei minha jornada de querer fazer quadrinhos até o fim da vida.


PF: quais foram e quais são as suas principais inspirações?

EDR: eu tenho um monte de inspirações, vai desde de artistas estrangeiros a nacionais, mas faz um tempo que eu fiz uma lista dos artistas que realmente me inspiram, aqueles que me deram a base, que de alguma forma me marcaram e que sempre me vêm à mente quando estou em uma enrascada com alguma página, são esses: Moebius, Katsuhiro Otomo, o Romitinha, Masashi Kishimoto, Will Eisner e o meu salvador, Harold Sakuishi.

PF: que projetos você já produziu ou participou?

EDR: aqui na minha cidade eu fui professor de desenho num projeto chamado Escola de Portas Abertas, também produzi um fanzine com uns amigos e vendemos na feira da escola, foi bacana porque eu vendi para professores da capital, mas a edição foi horrível, cheia de erros ortográficos.

Eu também trabalhei com o Vagner Francisco em Desmortos, foi a primeira parceria que fiz com um roteirista. Infelizmente o Desmortos não teve seu fim. Entre os meus projetos tem o Paralelos, série de quadrinhos curtos intimistas e cotidianos, atualmente em hiato. Também tenho um chamado Fale agora ou se arrependa para sempre, publicado no Tapas. Participei de um projeto que durou pouco tempo, mas foi onde conheci o Mike Wevanne e iniciamos o A Balada do Calibre 38. Também trabalhei com o Andy Corsant em Banidos, um spin-off de Hana-O.

PF: como é seu processo de produção?

EDR: quando trabalho sozinho o negócio é meio caótico, geralmente vou jogando tudo num papel e depois vou desembaralhando e organizando, embora eu tenha feito um esquema mais organizado recentemente, pois ando passando por uns perrengues e para não deixar a situação ficar pior, fiz isso. Quando vou desenhar faço um rascunho bem solto e na mesa de luz já passo o nanquim. Vez ou outra eu faço um roteiro escrito no PC, mas é algo raro.

Em BdC38 a coisa é mais organizada, embora eu pule algumas etapas (o que deixa o Mike puto, hahaha!), tem o roteiro, depois storyboard, uns estudos antes de começar a desenhar as páginas, depois tem o trabalho de editor do Mike, em que ele aponta os erros e acertos, fazemos as correções, depois a arte-final no PC e o restante é com o Mike.

Agora sobre horários, bom, não tem nada sistemático aqui, tem dias que não desenho, fico só pensando e brincando com meus cachorros, mas geralmente é de segunda a segunda, varando a madrugada desenhando.


PF: o que é o Peregrinos Ficções e quais são suas expectativas em relação ao selo?

EDR: eu não sei te dizer o que é o Peregrinos em si, mas posso dizer que sou muito grato por está acolhido por essa ideia, o que eu já melhorei como autor só nesse pouco tempo trabalhando com o Mike é incrível, sabe? Então minhas expectativas são de que iremos fazer ótimos trabalhos e de que o selo e nós, como autores, cresçamos juntos.

E que a gente ganhe uns trocados pro café.


PF: além do Peregrinos, existem outros projetos pro futuro?

EDR: sim.

Atualmente eu estou escrevendo um roteiro pro Andy Corsant desenhar e estou em um projeto com o Pensador Louco, do podcast O Teatro Escuro do Pensador Louco. Também pretendo terminar um quadrinho que comecei lá no inicio do Paralelos, o Terminal Nova Vida.

Tenho vontade de fazer um quadrinho impresso, tipo fanzine mesmo, mas isso é mais para frente, nada para esse ano.


PF: você quer deixar algum recado final para posterioridade?

EDR: primeiramente eu agradeço a quem tenha lido esta entrevista até aqui e por acompanharem a gente. Obrigado mesmo.

Bom, o que eu quero dizer é que nós (desculpe falar por ti, Mike) vamos fazer o melhor para oferecer sempre obras de qualidade para você, por isso dê uma chance e nos acompanhe, comente, falando do que gostou e do que não gostou e faça parte dessa jornada com a gente.

É isso, obrigado mais uma vez e inté.

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Valeu, EDR! No mais, quem quiser acompanhar o que o Evaristo tem aprontado, pode visitar o blog dele através deste link.

Bons ventos.

MWXS

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2 comentários:

  1. Conheci o trabalho desse grande quadrinistas há menos tempo do que eu gostaria. Mas o bastante para falar de sua competência sobre a qualidade no trabalho que executa.

    Acima de tudo, é um cara que leva a sério o que faz e faz com paixão. Paralelos foi uma demonstração disso. Considero uma das melhores e mais expressivas séries que já topei na internet.

    E estou otimista com o que vem do Evaristo em parceria com o Mike Wevanne. O que já foi publicado até agora do B.38 tem mostrado um trabalho excelente. Desenho sempre Sucesso!

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    1. Se tem uma coisa que eu admiro no Evaristo é a ralação que ele faz pra melhorar nos desenhos!

      Espero que nosso trabalho satisfaça as expectativas, Andy! Valeu pela força!

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